sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Camarate - Parte II

Este é um esclarecimento do, então à data, Procurador-Geral da República - Sr. Cunha Rodrigues.
Serve para enquadrar um pouco aqueles, que como eu, precisam de saber de antemão o que tem sido feito pelas instituições para esclarecer o caso.
É um caso com mais interesse para os "internautas" Portugueses.
Mas para aqueles que querem saber um pouco mais do caso, vão consultando este blog.

Abraços.


Na defesa da honra (artigo 84º, nº 1, do Estatuto do Ministério Público), e com o objectivo de repor a verdade, tem-se por oportuno esclarecer o seguinte:

A queda do avião em que, em 4 de Dezembro de 1980, pereceram o Primeiro-Ministro, os seus acompanhantes e a tripulação, determinou, a instauração, na mesma data, de um inquérito preliminar, dirigido pelo Ministério Público e investigado pela Polícia Judiciária;
Em 9 de Outubro de 1981, concluído o inquérito preliminar, um relatório da Polícia Judiciária considerava que não havia indícios de crime e que os autos deveriam aguardar, por mera cautela, a produção de melhor prova;
Sobre este relatório, o procurador-geral da República, não obstante concordar com a posição da Polícia Judiciária, determinou, por despacho de 12 de Outubro de 1981, que, para que se dissipassem todas as dúvidas, as investigações deveriam prosseguir na modalidade de "inquérito público";
Em 16 de Fevereiro de 1983, corroborando a posição sustentada pela Polícia Judiciária, o Ministério Público determinou que o inquérito ficasse a aguardar a produção de melhor prova;
Em 15 de Julho de 1983, na sequência de trabalhos realizados pela 1ª comissão parlamentar de inquérito, o Ministério Público requereu a abertura de instrução preparatória, solicitando a inquirição dos Senhores Deputados que tinham composto aquela comissão, a fim de "esclarecerem todos os elementos novos e suplementares susceptíveis de conduzir à mais completa verdade material";
A partir desta altura, o Ministério Público deixou de ter quaisquer poderes de investigação. A investigação transitou para o juiz de instrução criminal, nos termos do artigo 159º do Código de Processo Penal então em vigor, cuja redacção era a seguinte: "A instrução é dirigida pelo juiz, que poderá ordenar oficiosamente ou por promoção do Ministério Público, a requerimento da parte acusadora ou do arguido, depois de admitido a intervir no processo, qualquer diligência que julgue necessária para o apuramento da verdade";
Também a partir daquela data, a Polícia Judiciária passou a actuar na estrita dependência funcional do juiz de instrução criminal;
Requerida pelo Ministério Público a audição dos Senhores Deputados, aconteceu que, não obstante inúmeras insistências realizadas pelo juiz de instrução criminal, só mais de cinco anos depois, por dificuldades estranhas ao tribunal, foram completadas as inquirições, sendo certo que a Assembleia da República recusou autorização relativamente a dois depoimentos;
Em 18 de Fevereiro de 1988, e não tendo ainda sido completadas, pelo juiz de instrução criminal, aquelas inquirições, o Ministério Público requereu a junção aos autos dos relatórios e actas das 1ª, 2ª e 3ª comissões parlamentares de inquérito e promoveu dez séries de diligências de que constava nomeadamente:
A realização de várias peritagens, com a formulação de quesitos e a indicação de peritos, tendo em vista a despistagem de vestígios de explosivos nos destroços do avião e no vestuário das vítimas;
A obtenção de esclarecimentos técnicos sobre o significado da presença de partículas metálicas nos pés do piloto e outros aspectos do foro médico-legal;
A reavaliação do estudo do perfil do voo;
O reexame da peritagem sobre o rasto de fragmentos.
No mesmo requerimento, o Ministério Público propôs a colaboração de peritos estrangeiros. Em concreto, promoveu nova deslocação a Portugal do National Transportation Safety Board dos Estados Unidos da América do Norte e a constituição de uma equipa pericial multidisciplinar, interessando os ramos aeronáutico, de explosivos, patologia legal e radiologia forense. Sugeriu ainda o pedido de cooperação do governo inglês;
O juiz de instrução criminal deferiu a pretensão do Ministério Público;
Extra-processualmente, o Ministério Público solicitou ao Ministério da Justiça que fossem colocados à disposição do juiz de instrução criminal os meios financeiros necessários à investigação;
Encerrada a instrução preparatória, o Ministério Público, em 8 de Maio de 1990, concluiu pela não existência de indícios de atentado mas propôs, por cautela, que os autos aguardassem a produção de melhor prova;
Por despacho de 17 de Maio de 1990, o juiz de instrução criminal concordou, no essencial, com a posição do Ministério Público e decidiu que o processo ficasse a aguardar a produção de melhor prova;
Concluídos os trabalhos da 4ª comissão parlamentar de inquérito, o Ministério Público (11 de Outubro de 1991) analisou o relatório e as actas e requereu a sua junção aos autos. Considerando não existirem elementos novos ou relevantes, concluiu, mesmo assim, que a Polícia Judiciária deveria proceder à recolha e ao tratamento de informação criminal com base em notícias que circulavam, ainda que sem suporte na investigação;
Por despacho de 20 de Janeiro de 1992, o juiz de instrução criminal analisou a prova e determinou o arquivamento dos autos, considerando implicitamente que não se justificavam as cautelas do Ministério Público, face à inexistência absoluta de indícios de crime;
Em 2 de Maio de 1995, de posse de alguns elementos relativos aos trabalhos da 5ª comissão parlamentar de inquérito, o Ministério Público requereu a reabertura da instrução preparatória e, em 5 e 10 de Maio, promoveu a realização de diligências que foram consideradas, juntamente com as que o juiz determinara oficiosamente;
No decurso de 1995, familiares das vítimas foram admitidos como assistentes no processo;
Em 6 de Novembro de 1995, o juiz de instrução criminal encerrou a instrução preparatória;
Perante o valor e o significado das provas, globalmente consideradas, o Ministério Público promoveu que os autos continuassem a aguardar a produção de melhor prova (10 de Novembro de 1995);
Os assistentes reclamaram para o Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa e para a Procuradoria-Geral da República, sendo as reclamações desatendidas;
Em 17 de Novembro de 1995, os assistentes deduziram acusação particular contra quatro indivíduos, como lhes era expressamente consentido pelo Decreto-Lei nº 377/77, de 6 de Setembro;
O juiz de instrução criminal abriu a instrução contraditória, em 23 de Novembro de 1995, esclarecendo que o tinha feito por imperativo legal e não por considerar que existissem quaisquer indícios de crime e indeferiu grande parte das diligências requeridas pelos assistentes;
Em 9 de Janeiro de 1996, o juiz de instrução criminal, divergindo do parecer do Ministério Público, considerou prescrito o procedimento criminal contra três arguidos;
O Ministério Público recorreu deste despacho, em 22 de Janeiro de 1996, tendo o Tribunal da Relação negado provimento ao recurso;
Do acórdão do Tribunal da Relação, o Ministério Público recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça que não conheceu do recurso (10 de Julho de 1997);
Encerrada a instrução contraditória (15 de Novembro de 1996), o Ministério Público, manteve a posição anterior, no sentido de que os autos deveriam aguardar a produção de melhor prova;
Em 13 de Dezembro de 1996, os assistentes deduziram acusação definitiva;
Remetido o processo ao juiz competente para a pronúncia, este, em despacho circunstanciado (mais de 700 páginas), rejeitou a acusação dos assistentes, por considerar não haver nenhum indício de crime, e ordenou o arquivamento do processo (16 de Abril de 1998);
Os assistentes interpuseram recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa, para onde os autos subiram em 28 de Setembro de 1998.

Sendo estes os factos, é de sublinhar que:

O Ministério Público não tem poderes de investigação, no processo em causa, desde 15 de Julho de 1983, competindo exclusivamente ao juiz de instrução criminal, oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público ou da parte acusadora, determinar a realização de diligências;

Desde a mesma data, a Polícia Judiciária tem actuado sob a dependência do juiz de instrução criminal;

O processo encontra-se em fase de pronúncia desde Abril de 1997;

O Ministério Público requereu as diligências que lhe pareceram convenientes e observou, no decurso dos actos, as regras do processo;

O Ministério Público analisou e valorou as provas obtidas pelo juiz de instrução criminal, com a devida atenção e objectividade. No essencial, mereceram-lhe concordância as decisões do tribunal. Nos pontos em que dissentiu das posições do juiz ou dos assistentes, exprimiu a sua discordância em termos jurídicos e sempre respeitosos.

O direito de crítica é livre.

Mas ninguém, nenhum grupo, nenhuma autoridade, nenhum poder pode obrigar os magistrados a sustentarem outros interesses que não os que os factos e a lei (analisados à luz das leges artis e da sua consciência) legitimam.

É lamentável que, por ignorância da lei, má fé ou desconhecimento dos factos, se produzam afirmações que, atingindo o Ministério Público, mais não visam, consciente ou inconscientemente, que exercer uma intolerável pressão sobre os tribunais;

Este esclarecimento é emitido nesta data, por terem chegado ao fim os trabalhos da 6ª comissão parlamentar de inquérito sem que, todavia, os resultados sejam ainda conhecidos pelo Ministério Público.

Não foi emitido antes, pelo respeito devido à Assembleia da República. Não aguardou o recebimento das conclusões do inquérito parlamentar, para que nenhum equívoco exista sobre a sua natureza e objectivos.

O protesto que lhe está imanente tem a mesma veemência que será posta:

na apreciação exaustiva e rigorosa do material obtido pela 6ª comissão parlamentar de inquérito;
na adopção das iniciativas processuais que os factos justifiquem;
na observância estrita das disposições legais;
na serenidade indispensável a uma apreciação isenta, objectiva e distanciada de falsidades e afrontas;
no respeito pela independência dos tribunais e na solidariedade devida aos juizes, por formas de pressão que, por hábeis e dissimuladas que sejam, lhes são efectivamente dirigidas;
em evitar que a discussão sobre a relevância criminal dos factos seja deslocada do seu lugar próprio – os tribunais.

Lisboa, 6 de Julho de 1999
O Procurador-Geral da República
Cunha Rodrigues

Caso Camarate

Este é um tema no qual eu tenho alguma curiosidade...
E, para os mais curiosos como eu, vou deixar aqui algumas mensagens com tudo o que conseguir recolher sobre este tema.

Até breve

Camarate: Conspiração ou Acidente?

Em declarações ao programa «Grande Entrevista» da RTP1, o antigo presidente do CDS invocou que «há três questões que não foram investigadas até ao fim» no caso da morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e que deviam «ser retomadas pela Assembleia da República»: o relatório dos peritos internacionais sobre os equipamentos técnicos do avião e explosivos, a investigação da venda de armas, em 1979-80, e do Fundo de Defesa Militar.

Freitas do Amaral considera que a ausência de continuidade das investigações representa «uma nódoa na credibilidade e na seriedade do Estado português».

Mais detalhes da entrevista de Diogo Freitas do Amaral, poderão ser encontrados aqui:
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/a95b23c5c7104d6bc790b1.html
e aqui:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/sociedade/pt/desarrollo/1178045.html

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ovni destrói missil em pleno voo

Projecto Britânico analisa Ovnis

LONDRES - Representantes da inteligência militar britânica encontraram uma explicação científica para resolver o mistério dos objetos voadores não identificados (óvnis), informa o jornal The Times. Após uma investigação de quatro anos, cientistas da Equipe de Inteligência de Defesa (DIS) concluíram que os avistamentos que não podem ser explicados como fraudes ou enganos - meteoros, aviões, balões, ilusões de óptica, etc. - são explicados por "eventos naturais raros, que ocorrem na atmosfera e na ionosfera".

O relatório, liberado por meio de um pedido judicial pela liberação de documentos secretos, descreve como uma massa de ar na atmosfera pode adquirir carga elétrica, brilhar e acabar esculpida, pelo vento, em formatos aerodinâmicos. Essas massas de gás eletricamente carregadas são chamadas de plasmas.

Os arquivos liberados mostram que o Ministério da Defesa britânico manteve uma unidade especial, chamada S4F, para registrar avistamentos de óvnis pelo público em geral. Os registros alimentaram uma investigação batizada de Projeto Condign, iniciado em 1996 e encerrado em 2000.

O projeto analisou se os óvnis representavam um perigo militar, e concluiu que não...

O projecto analisou os ovnis!? Então eles existem? E o que me dizem disto?

Zeitgeist: Verdade ou Ficção?

Olá a todos,

Depois de ver o documentário surgiram-me algumas dúvidas sobre a verdade dos factos...
Qual a vossa opinião?

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Roswell

Roswell é certamente o nome mais famoso da ufologia mundial. Referências à suposta queda de um disco voador próximo a esta pequena cidade americana, em 1947, são encontradas até hoje em filmes (como "Independence Day"), séries de TV (Arquivo-X, Taken e, é claro, Roswell, entre outras), livros, sites da internet e assim por diante. A cidade de Roswell virou uma espécie de "Meca" ufológica e tem nesse incidente uma considerável fonte de renda. Mas até hoje, mais de cinqüenta anos depois do acidente, a controvérsia permanece: mito ou a mais bem guardada conspiração da história?


Em 14 de junho de 1947, um fazendeiro chamado Mac Brazel encontrou um conjunto de destroços incomuns em sua propriedade, próxima à cidade de Roswell, no estado americano do Novo México. A princípio, Brazel não lhes deu importância, já que estava acostumado a encontrar restos de balões meteorológicos. Dez dias depois, porém, o piloto Kenneth Arnold relatou o primeiro encontro com discos voadores da história. Enquanto sobrevoava os estados do Oregon e Washington, Arnold avistou o que seriam aeronaves voando em formação e descreveu seu movimento como o de pedras ou discos deslizando na superfície de um lago. A cobertura da imprensa logo cunhou o termo "disco voador", dando início a uma paranóia nacional, que resultou em quase mil relatos de avistamentos de discos voadores nas semanas seguintes.

Ao ir até a cidade e ficar sabendo dos "discos voadores", Brazel decidiu reexaminar o que tinha encontrado semanas atrás. Brazel julgou que o material prateado dos destroços tinha uma aparência muito futurística para ser um simples balão meteorológico e avisou o xerife da cidade. O xerife, por sua vez, entrou em contato com a base aérea do Exército em Roswell (sede do 509th Bomb Group - a unidade que havia sido criada especialmente para o bombardeio nuclear do Japão ao final da Segunda Guerra Mundial), que enviou dois oficiais de inteligência, o Major Jesse Marcel e o Capitão Sheridan Cavitt.

Manchete O Major Marcel recolheu o material e o transportou para a base de Fort Worth, para uma análise mais detalhada. Enquanto isso, no dia 8 de julho, a base de Roswell (comandada pelo Coronel William Blanchard) divulgou uma nota oficial informando que havia tomado posse dos destroços de um disco voador, o que imediatamente motivou uma manchete no jornal local, o Roswell Daily Record, - "RAAF [Roswell Army Air Field] captura disco voador em rancho na região de Roswell". A notícia também relatava que um casal da região havia avistado o que pensava ser um disco voador alguns dias antes.

Marcel e os destroços Enquanto isso, na base de Fort Worth, os destroços foram rapidamente identificados como papel alumínio, elásticos de borracha, fita adesiva e compensado - os restos de um dispositivo empregado em balão meteorológico. O General Roger Ramey, comandante da 8a. Força Aérea (a quem a base de Roswell era subordinada) chamou a imprensa e apresentou suas conclusões, permitindo que parte do material fosse fotografada com o Major Marcel. A foto de Marcel com o material apareceu nos jornais do dia seguinte, junto com a notícia de sua identificação

Mas a história original já havia corrido o resto do país (e até outros países), antes que a notícia da identificação fosse publicada. O escritório do xerife, a base de Roswell e o jornal local foram inundados de ligações, em busca de notícias sobre o disco voador. Eventualmente, o desmentido teve efeito, fazendo com que a história sumisse dos jornais (apesar de Brazel ainda defender que o que havia encontrado não podia ser um balão meteorológico). Ao final do ano, o incidente de Roswell havia sido esquecido e ficaria registrado apenas como um fiasco de relações públicas do Exército americano e uma nota de rodapé na história da ufologia. Até o ano de 1978...


Em 1978, Stanton Friedman, um físico nuclear convertido em pesquisador e escritor de livros sobre UFOs, teve contato com Jesse Marcel (que havia deixado o exército e trabalhava consertando televisões). Marcel, que, como Brazel, não acreditava que os destroços encontrados eram de um balão, relatou a sua versão da história.

Inicialmente, as informações de Marcel eram escassas demais para que Friedman as investigasse (Marcel não lembrava mais em que ano o incidente havia ocorrido). Mas aos poucos Friedman e outros pesquisadores foram obtendo mais informações e descobrindo outras testemunhas. Enquanto isso, Friedman conseguiu que uma entrevista com Marcel fosse publicada no tablóide National Enquirer, onde Marcel afirmava que nunca tinha visto nada como o material encontrado em Roswell, que teria origem extraterrestre. Assim o assunto Roswell voltou às manchetes e Marcel virou uma celebridade no mundo da ufologia.
Eventualmente, baseando-se principalmente em relatos de diversas testemunhas que foram sendo descobertas a partir da volta de Roswell às manchetes, pesquisadores publicaram os primeiros livros defendendo a tese de que os destroços de Roswell eram de uma nave alienígena, com destaque para "The Roswell Incident", de Charles Berlitz e William Moore; "UFO crash at Roswell" e "The truth about the UFO crash at Roswell", de Kevin Randle e Donald Schmitt e "Crash at Corona", de Stanton Friedman.

Ainda que divergissem em seus detalhes, as teorias apresentadas nestes livros tinham a mesma linha básica. Os destroços encontrados em Roswell seriam de uma nave alienígena que, por algum motivo desconhecido, teria se acidentado. Ao identificarem os destroços, os militares americanos teriam iniciado uma campanha de desinformação para acobertar a verdadeira origem do material, apresentando a versão oficial de que seriam restos de um balão meteorológico. Na verdade, o material teria sido encaminhado para análise em instalações secretas de pesquisa e todas as informações relacionadas teriam sido objeto de uma conspiração governamental para esconder a verdade do público.

Variações encontradas nas teorias incluem o número de locais onde teriam sido encontrados destroços (bem como suas localizações), o número de naves que teriam se acidentado, a quantidade de destroços encontrados, a existência ou não de corpos de alienígenas (e seu número) e a descrição dos materiais.

Gen.Ramey Stanton Friedman publicou mais tarde, no livro "Top Secret/Majic", o que seriam evidências documentais da existência de um grupo governamental clandestino dedicado exclusivamente a acobertar o incidente de Roswell. Este grupo, constituído por doze pessoas e chamado de Majestic-12, coordenaria todos os estudos secretos sobre os destroços e os corpos de alienígenas recuperados.

Outra suposta evidência documental de que os destroços encontrados em Roswell eram mesmo de uma nave alienígena estaria nesta foto, do General Ramsey e um de seus oficiais junto com os destroços. Na foto, o General segura um documento, no qual poderia ser lido as frases "vítimas dos destroços" e "no disco". Uma imagem da ampliação pode ser vista aqui.


Além da controvérsia envolvendo o incidente original, o caso Roswell gerou outras polêmicas.

A existência de corpos alienígenas nos destroços sempre foi baseada apenas no relato de testemunhas, até o surgimento de um vídeo mostrando o que seria a autópsia de um dos corpos encontrados. O vídeo, apresentado em 1995 pelo produtor Ray Santilli, tem aproximadamente quinze minutos de duração e teria sido obtido diretamente do cameraman que filmou a autóspia em 1947. Estes quinze minutos de filme teriam sido guardados pelo cameraman, que teria entregado ao Exército apenas o restante do filme.

AutópsiaApós uma enorme publicidade inicial, inúmeras falhas e inconsistências no filme foram apontadas por vários pesquisadores. Atualmente, o filme é amplamente considerado uma encenação, inclusive por ufólogos. O filme completo tem uma versão comercial à venda (Alien Autopsy: Fact or Fiction), mas partes podem ser encontradas na internet, bem como descrições das falhas encontradas. E quem melhor para reconhecer uma encenação do que um profissional da área? Em um artigo da revista Time, por exemplo, os especialistas em efeitos especiais para o cinema Steve Johnson (de "Roswell", "O segredo do abismo" e "A experiência") e Stan Winston ("Aliens" e "Jurassic Park") dão sua opinião: o filme é falso. Para quem quiser, dicas para montar e filmar um alienígena falso podem ser encontradas aqui.

Em 1984, os documentos conhecidos como Majestic-12 vieram à público pela primeira vez, quando fotos dos documentos teriam sido enviadas pelo correio para John Shandera. Shandera não tinha nenhum envolvimento com o movimento ufológico, mas era amigo de William Moore (aquele que escreveu "The Roswell Incident", junto com Charles Berlitz). Moore e Stanton Friedman divulgaram os documentos aproximadamente dois anos depois e eles apareceram com destaque em diversos livros, especialmente os escritos por Friedman.

Os documentos Majestic-12 eram um memorando de oito páginas para o Presidente Eisenhower, dando detalhes sobre um acidente com um UFO em Roswell, em 1947, e outro acidente em El Índio, Texas em 1950. Além disso, o documento listava membros de um grupo especial do governo (o Majestic-12 ou MJ-12) envolvido com os UFOs. Havia também um memorando anterior do Presidente Harry Truman para o Secretário de Defesa da época, autorizando a criação do MJ-12.

Cópias dos documentos, bem como documentos relativos a investigação interna do FBI que concluiu que os documentos eram falsos, podem ser vistas aqui. Ainda que muitos pesquisadores (especialmente Friedman) ainda defendam a autenticidade dos documentos, eles apresentam erros que indicam terem sido falsificados. Por exemplo, o posto do Almirante Roscoe H. Hillenkoetter (Diretor da CIA entre 1947 e 1950), que aparece no documento como oficial responsável pelo memorando, está errado. Na época, Hillenkoetter era "Rear Admiral" (equivalente ao Contra-Almirante na Marinha brasileira), dois postos abaixo de Almirante.

Além disso, o pesquisador Philip Klass descobriu que a assinatura do Presidente Truman no segundo memorando é rigorosamente igual à sua assinatura em outro memorando de data anterior, incluindo algumas marcas acidentais, indicando que a assinatura no documento do suposto Majestic-12 é, na verdade, uma fotocópia. Como esse memorando é citado várias vezes no documento supostamente elaborado pelo Almirante Hillenkoeter, isto reforça a tese de que ambos são falsos.

Outros documentos relacionados ao Majestic-12 surgiram posteriormente, mas de autenticidade igualmente contestada. Uma lista completa pode ser encontrada aqui, onde também é possível comprar cópias dos documentos e outros artigos relacionados.


Na década de 90, a Força Aérea americana realizou, a pedido do General Accounting Office (um órgão de auditoria do governo americano), uma investigação sobre o incidente de Roswell. As conclusões foram publicadas em dois relatórios que podem ser encontrados aqui. O primeiro relatório se concentra na origem dos destroços encontrados enquanto o segundo aborda os relatos de corpos de alienígenas.

Em relação aos destroços, a conclusão apresentada é que eles eram restos de um balão do chamado Projeto Mogul. O Projeto Mogul era um projeto secreto destinado a determinar em que situação estava o projeto soviético de armas nucleares (o primeiro teste nuclear soviético só aconteceria em 1949). A idéia era desenvolver um sistema que conseguisse detectar, à distância, um teste nuclear em território soviético (cujas fronteiras estavam fechadas). Para isso, detectores acústicos de baixa freqüência eram colocados em balões lançados a altas altitudes. Outros pesquisadores também chegaram, de forma independente, à relação entre Roswell e o Projeto Mogul - Robert Todd e Karl Pflock (autor de "Roswell: Inconvenient Facts and the Will to Believe").

Trem de		balões do Projeto Mogul Os pesquisadores do Projeto Mogul ainda vivos por ocasião da investigação foram entrevistados, em especial o professor Charles B. Moore, que era o engenheiro-chefe do projeto. Inicialmente baseados na Universidade de Nova Iorque, os pesquisadores se mudaram para a base de Alamogordo, Novo México, de onde os balões eram lançados. Na verdade, o equipamento era carregado por um "trem" de balões - vários balões (inicialmente de neopreno e mais tarde de polietileno) conectados entre si. Também pendurado ao trem de balões ia um alvo de radar - uma estrutura multifacetada de compensado recoberto com papel alumínio - utilizada para rastrear os balões após o lançamento.

A partir dos registros ainda disponíveis sobre o projeto, concluiu-se que os destroços encontrados em Roswell seriam provavelmente do "vôo" número quatro, lançado em 4 de junho de 1947.

O segundo relatório da Força Aérea americana se concentra no problema dos corpos de alienígenas. Ao longo dos anos, várias testemunhas se apresentaram com relatos envolvendo corpos encontrados nos destroços, sendo transportados pelo Exército, sofrendo autópsias, etc. Mesmo entre os pesquisadores que defendem a teoria alienígena existem controvérsias sobre quais destas testemunhas são confiáveis, mas, de qualquer forma, a confirmação da existência de corpos de alienígenas tornaria supérfluo o debate sobre a natureza dos destroços.

As conclusões do relatório são:

Diversas atividades da Força Aérea, ocorridas ao longo de vários anos, foram misturadas pelas testemunhas, que as lembraram como tendo ocorrido em alguns poucos dias de 1947;

Os alienígenas "observados" no Novo México eram provavelmente bonecos de testes carregados por balões de pesquisa em alta altitude;

As atividades militares suspeitas observadas na área eram na verdade as operações de lançamento e recuperação dos balões e dos bonecos de testes;

Relatos envolvendo corpos de alienígenas no hospital da base de Roswell provavelmente se originaram da combinação de dois acidentes, cujos feridos foram transportados para Roswell: a queda de um avião KC-97 em 1956, onde 11 militares morreram e um incidente com um balão tripulado em 1959, onde dois pilotos ficaram feridos.

Boneco de testes Atualmente, bonecos de testes são amplamente conhecidos pelo público em geral (principalmente por causa de seu uso em testes de segurança de automóveis), mas na década de 50 eles eram desconhecidos fora dos círculos da pesquisa científica. Mas na década de 20, a Força Aérea americana já lançava esses bonecos de aviões como forma de testar modelos de pára-quedas. Na década de 40, eles foram usados para testar assentos de ejeção para caças (que haviam sido inventados pelos alemães). E na década de 50, eles estavam sendo lançados de balões a alta altitude como parte do desenvolvimento de cápsulas de escape para os futuros veículos espaciais.

Entre junho de 1954 e fevereiro de 1959, 67 bonecos foram lançados de balões na região do Novo México, sendo que a maioria caiu fora dos limites das bases militares. Em seqüência aos testes com bonecos, o capitão Joseph W. Kittinger, Jr. realizou, em 1960, o mais alto salto de pára-quedas da história, de um balão a 102.600 pés de altitude (aproximadamente 31.000 metros).

Boneco em saco preto Os bonecos eram transportados em grandes caixas de madeira, semelhantes a caixões, para evitar danos os sensores montados em seu interior. Pelo mesmo motivo, quando retirados das caixas ou após recuperados no campo, os bonecos eram normalmente transportados dentro de sacos plásticos em macas. Em alguns lançamentos, os bonecos "vestiam" uma roupa de alumínio que protegia os sensores das baixas temperaturas encontradas a altas altitudes. Todos estes fatos, além de sua aparência, provavelmente contribuíram para sua identificação como corpos de alienígenas.

A hipótese de que os alienígenas avistados seriam na verdade bonecos é coerente com os relatos de várias testemunhas. John Ragsdale, por exemplo, quando entrevistado por Donald Schmitt disse "Eu tenho certeza que havia corpos... corpos ou bonecos". Vern Maltais (amigo de Grady Barnett) disse, relatando o que ouviu do amigo, "Suas cabeças eram lisas... sem sobrancelhas, sem pálpebras, sem cabelo." Gerald Anderson disse "Eu pensei que eles fossem bonecos de plástico...não achei que fossem de verdade".


Toda a discussão sobre o que aconteceu em Roswell gira em torno de informações obtidas de testemunhas. Estas testemunhas guardaram suas histórias por mais de trinta anos, só aparecendo após o assunto receber destaque na imprensa e, em alguns casos, apenas repassavam relatos ouvidos de terceiros. O longo espaço de tempo entre o incidente e os relatos inevitavelmente diminui a sua exatidão e algumas testemunhas, como os filhos de Mac Brazel e do Major Jesse Marcel, eram crianças na época. Além disso, todas as testemunhas eram moradores de uma região rural dos Estados Unidos na década de 40, imersos na comoção generalizada causada pelo primeiro relato de um UFO. Obviamente, é preciso considerar esses relatos com bastante cuidado.

A única evidência material de autenticidade comprovada é o conjunto de fotos dos destroços com o Major Marcel, publicadas em 1947, que não mostram nada excepcional (por causa disso, alguns ufólogos defendem que o que aparece nas fotos não são os verdadeiros destroços).

Mesmo assim, ainda são muitos os que defendem que Roswell constitui a maior conspiração da história, mantida por mais de 55 anos. Realmente, se uma nave caiu em Roswell, é de se admirar a capacidade do governo americano de manter secretas por tanto tempo todas as provas do fato, especialmente considerando a quantidade de publicidade que o assunto recebeu nas últimas duas décadas. Afinal de contas, após tanto tempo, tudo que os defensores dessa teoria conseguiram foram depoimentos imprecisos, documentos forjados, encenações de autópsias e especulações.


Publicada em http://www.projetoockham.org/ por Alexandre Taschetto de Castro em 23/01/04